Memories

"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."

Published by 「ϻȝƚɋɣαɦȡ 」 under on 11:36:00


Domingo é o dia em qual costumo ir deitar-me à sombra das magnas árvores centenárias, no cemitério. Levo, algumas vezes, algum livro que esteja a ler na época; hoje, por exemplo, haveria de ser o “Os filhos do capitão Grant”, de Júlio Verne. Ela adorava seus livros. Esta manhã faz-se deveras nublada, como se pudéssemos apreender algo de melancólico nas nuvens; é como se estivessem chorosas por algo, algum singular segredo que é apenas a elas cabível.

Pego meu Júlio Verne e, mesmo com a ameaça de chuva, parto rumo ao cemitério. É preciso cumprir o meu rito; em verdade, é mais que isto – envolve uma história – a história que me deu estas asas, quais me fazem voar quando fecho os meus olhos. Quem a ela pudesse ouvir, no início, sorriria; no entanto, com seu aprofundamento e desfecho, copiosamente iria chorar. É um aviso, já para o dia que – se este houver – eu a vos contar, ou de pessoa outra a puderem ouvir.

O cemitério é amplo; adoro caminhar por entre seus floridos jardins de flores tão perfumadas e belas. Lembro-me, com um tímido sorriso a se querer esconder nos lábios, de quando caminhávamos juntos, as mãos entrelaçadas uma à outra. Ah! Quando ela sorria-me, ah... Carece de explicações. Se me pudessem observar quando penso nela, veríeis como me torno um bobo aos vossos olhos. Ela extrai o melhor de mim, faz-me querer ser grande, ser o melhor... Para ela. Ensinou-me o que é a vida, como se vive de verdade... Toda a fé, esperança, o modo como posso amar, devo-lhe inteiramente. Sou seu maior e eterno admirador.

O vento faz balançar os galhos, as folhas nas árvores várias. Flores exalam seu delicioso perfume; abelhas, esquilos, corujas – todos os animais, graciosas criações de uma mente repleta de amor, vão de um lado para o outro, mas não como se estivessem preocupados. As abelhas colhem seu néctar; os esquilos procuram por suas nozes, e, quando as encontram, é quase possível ver aos seus olhinhos brilharem. Corujas observam-me com grandes olhos, como se confidenciassem à minha alma e ao meu inconsciente, segredos que meu consciente não pode conhecer – ou, antes, não consegue captar. Estas são criaturas fascinantes.

Após algum tempo de caminhada, as lembranças dela a sempre me virem à mente, sento-me recostado a um túmulo de pedras talhadas, desenhado ao modo de ser o ataúde a guardar um anjo. Este é o túmulo de minha eterna amada. Fecho os meus olhos. Neste momento, é como se hinos de louvores, músicas sacras se fizessem ouvir; são belíssimos cânticos divinos... O vento parece acariciar-me o rosto, e eu posso ver-nos neste mesmo lugar, quando, já sabendo de sua partida, choramos e abraçamo-nos uma das últimas vezes – porém a mais intensa delas; foi neste momento que dissemos um ao outro, com a maior pureza e sinceridade em nossos corações, o quanto amamo-nos – e jamais deixaremos de amar. Lágrimas escorrem-se de meus olhos fechados, sinto-as descerem até meus lábios e neles se desmancharem. Sentir o vento é como sentir suas mãos em meu rosto; o meu coração se aquece, e é então que de meus olhos verte a mais íntima e infinda alegria em forma líquida condensada; sorrio, e posso sentir como se ela também me sorrisse. Digo, ainda que, para aquele que mo pudesse ver dizer, parecesse aos ventos, o quanto a amo; e ouço, dentro de mim, ela dizer-me o mesmo. Nosso amor é justamente como o vento: embora não se possa vê-lo, nós sempre o sentiremos.


6 ϻĭņđʼƨ:

「ϻȝƚɋɣαɦȡ 」 disse... @ 6 de julho de 2008 às 13:47

Inspirado em “A walk to remember”... =p

Ana disse... @ 6 de julho de 2008 às 14:01

ah, mano. as palavras já estão muito gastas por aqui - não mais existem para poder classificar a beleza de seus textos .-.'
apenas peço para que não pare de croa-los, nunca :)

nha, e obrigada XD
te amo *;

Ana disse... @ 6 de julho de 2008 às 14:02

-

criá-los * ¬¬'

Lina :) disse... @ 6 de julho de 2008 às 19:48

Atualizei, Uíu.
Preciso ler aqui com calma :)

Lyrics from Immortal Ages disse... @ 6 de julho de 2008 às 20:38

" Sarcástico o rumo da vida
Sabia que seus meigos olhos me contemplavam pela última vez
Acariciei sua última imagem
Já quase morta, me perdi em seus olhos
Com um último beijo, selei minha morte.
Ali estava ele, novamente. Passos vagarosos, despreocupados.
Olhos de quem observa tudo e sente,
Verdadeiramente sente o ambiente...
Ali estava ele,
E eu?
Aqui. Intocável.
Contemplei como de costume...
Entrelaçada em um tempo perdido
Observei-o em uma dor retorcida...
Não posso tocá-lo, tê-lo de novo em meus braços
Terrível maldição!
Queria mostrá-la que não parti por todo o sempre
Mas uma Força Maior assim não permitia
Nunca a vi em uma dor dormente
O desespero me revelou a sua alma.
Estava morta, assim como eu, perdida.
Sentiu por fim os meus beijos...
Sabia, acreditava!
Toda a música que nos separava
Fez com que por fim me imaginasse como era
Doce revelação!
Entrelaçado em um tempo perdido
Meu amado!”

Lyrics from Immortal Ages disse... @ 6 de julho de 2008 às 20:41

"Lyrics from Immortal Ages" sou, eu, a Lia.
O que posso dizer sobre os seus escritos? Estou sinceramente extasiada. É mais do que um prazer, é uma presença, um sentimento estonteante. Quanta leveza! Quanto... É impossível nom se apaixonar pelo que escreve!...
Maravilhoso! Amo! Amo! Amo!

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