Memories

"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."

Published by 「ϻȝƚɋɣαɦȡ 」 under on 08:48:00




Meia-noite... O sino, funebremente, doze vezes soa.
No alto da torre mais alta de todas as torres
- Imagem assombrosa quando por baixa contemplada!,
Instrospecto em seus apaixonados devaneios, Tristonho ele está: sente-se deveras lúgubre...



“Deixara-me ela”, pensara ele, “e sem sequer um adeus...
Não amou-me! Senão, por todos os céus, o fim não teria sido;
Quando alguém ama outro alguém, o fim nunca há:
Pois, se houver, designa a morte da alma:
E inda assim nunca do coração e do Amor...”



Em passos lentos, síncronos, caminha ele até o da velha janela
O parapeito de madeira a desfazer-se. Com os cotovelos
Neste apoiados, solta um longo suspiro, os olhos a observarem
O vasto e longínqüo horizonte.



“Um dia, e ainda hoje, meus sonhos lá estão... Distantes,
Para além daquela linha, porém não mais a esperarem-me...
Se lá for, certamente hei-de os encontrar a todos mortos!

Como pode haver no mundo um cemitério de sonhos?

Eis a resposta: quando os sonhos são inatingíveis, impossíveis de se realizar...”



Densa a noite está. Corvos e corujas fazem-se ouvir do telhado;
A baterem as asas, com certa leveza, morcegos voam para cá e para lá;
Ele, o jovem apaixonado, amante de puro amor, inclina-se na janela mais agudamente:
Lágrimas começam a escorrer de seus olhos, e ele diz:



“Noite, Lua... Rogo-te para que a faças isto ouvir, em seus sonhos:”
- Entre soluços e respiração entrecortada ele o diz -

“Eu te amei tanto... Como pode ter sido?

Minha vida não possui sentido se nossos destinos são diversos;

Adeus, minh'amada, e lembras-te: amo-te para além das eras infindáveis, e nem as sombras do vale da morte poderão fazer-me deixar de amá-la.
Adeus, adeus!...”




Num momento derradeiro, ele, ao inclinar-se ainda mais! Joga-se...

Enquanto cai, o vento a acariciar-lhe a face, de modo que enxuga suas lágrimas,

Lhe dá a impressão de que está a voar... Sente-se livre.

Num baque quase surdo, atinge o solo. Está, sim, livre para sempre...




Pois, onde quer que esteja, o amor é tudo o que há...

2 ϻĭņđʼƨ:

Anónimo disse... @ 25 de maio de 2008 às 19:31

Só os seus textos conseguem me emocionar (L)

Oh!; Bathory - disse... @ 26 de maio de 2008 às 20:16

Terei palavras pra comentar papai?

Enviar um comentário