Memories

"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."

Published by 「ϻȝƚɋɣαɦȡ 」 under on 00:19:00


É uma noite agradável. A luz da esbranquiçada Lua faz com que as nuvens adquiram tons de azul-escuro gris. A brisa, suave, acaricia a copa das árvores e faz remexer as folhas. O ar é gélido – embora nossa pele nada sinta, podemo-lo deduzir por causa das folhas... De vez em quando, avistamos uma ou outra pessoa a vagar pelas ruas por estas horas da noite, ainda mais em um lugar como este – afinal, caminhar próximo a um cemitério, na quase antemanhã, é algo de que todos os seres humanos em plena consciência têm medo.
Os portões da necrópole não estão inteiramente fechados – o cadeado está disposto no chão próximo a umas latas de cerveja, a grossa corrente junto dele. Pensamos, então, que alguns adolescentes bêbados pudessem estar em busca de sombria diversão, talvez alguma obscura orgia – ou, quem sabe, umas daquelas brincadeiras as quais eles gostam de fazer em lugares e horários como este, tais como a do “compasso”, a do “copo”, e estas coisas todas em que eles acreditam sem crer. O que um pouco mais de álcool no organismo não faz a estes seres tão tolos que são os humanos?
-No fim, eles são-nos bem convenientes, meu querido. Minha sede ainda está insaciada. – diz-me minha amada Emilly, seus olhos a brilharem, faiscantes; podia perceber neles o interminável desejo de adentrar ao cemitério para... Mitigarmo-nos.
Fito-lhe a altura dos olhos com um olhar complacente. Estendo-lhe minha mão, a esperar pela sua. Ela põe a sua sobre a minha, e então, em passos síncronos, vagarosos, caminhamos cemitério adentro. Uma luz clara emana das tumbas, resquícios dos seres outrora viventes quais agora na eternidade de profunda treva repousam. Soubessem eles que o céu nem o cristão inferno existem, qual seria o rumo de suas vidas? Oh, que adormeçam para sempre no antro de sua geratriz, a terra. “Não pesaste sobre a terra. Que a terra te seja leve.”, diria meu amigo de tempos idos.
-Querida, talvez possamos antes divertimo-nos um pouco? – meus lábios a esboçarem um sorriso repleto de malícia. Há já muito tempo que não me divirto com minhas presas. É sempre bom fugir um pouco ao hábito – se é que se pode chamar meu modo de existir de... “hábito”.

2 ϻĭņđʼƨ:

Lina :) disse... @ 14 de dezembro de 2008 às 13:15

Você me assusta às vezes.
HUHUAHEUHUEHUAHUEHE
Eu gosto da maneira como você escreve.
Quanto mais longos, melhor.

Beijo :*

May disse... @ 14 de dezembro de 2008 às 17:25

Assustador - mágico, na verdade. Continuará, não é? :)
Você tem uma habilidade incomum com as palavras.

(LL)²

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